Após 78 dias no Rio Grande do Sul, sendo 32 com a base operacional junto à Associação Beneficente Pella Bethânia, de Taquari/RS, o Corpo de Bombeiros da Polícia Militar de São Paulo concluiu na quinta-feira, dia 18 de julho, a sua missão humanitária de auxílio ao estado gaúcho em decorrência da cheia histórica do final de abril. Durante um mês, a instituição cedeu aos bombeiros a sua pousada e o auditório, que foram utilizados como base operacional.
A conclusão da operação ocorreu na noite de quinta-feira, reunindo os 25 bombeiros da Força-Tarefa 08 (FT-08) e a coordenação geral da Pella Bethânia em um breve momento de encerramento junto ao auditório da pousada. E a palavra “Gratidão” norteou o ato.
Por parte da Pella Bethânia, o coordenador geral, Dério Milke, enalteceu o quão significativa foi a presença da corporação paulista no Estado e, especialmente, na instituição. “Além do cuidado com os nossos residentes, cuidamos de quem cuida. E para nós é uma honra poder cuidar destes homens e destas mulheres que bravamente auxiliaram o nosso Estado, oferecendo a eles e elas um espaço digno e um acolhimento familiar. E ter vocês aqui certamente fez a diferença na vida dos nossos residentes e da nossa equipe. Há uma Pella Bethânia antes e uma pós Corpo de Bombeiros de São Paulo”, afirmou.
Da mesma forma, a comandante da FT-08, major Paula Tavora Ferreira, expressou sua gratidão à instituição. “A cedência destes espaços para os bombeiros foi primordial para que a corporação seguisse no auxílio às buscas por pessoas desaparecidas neste momento tão delicado que o Rio Grande do Sul passa. Jamais esqueceremos desta acolhida familiar, tanto da equipe da Pella Bethânia quanto das pessoas que aqui residem. Saímos daqui melhores do que quando chegamos, fortalecidos de esperança e crentes de que o Estado irá superar este momento, devido à sua força, garra e determinação”, pontuou.
Durante o ato, ainda houve manifestações de gratidão por parte dos demais bombeiros. Como forma de reconhecimento, a instituição entregou à comandante, major Paula, e ao subcomandante, capitão Diego Ataliba Marcatti, um exemplar do livro que conta a história de 130 anos da Pella Bethânia. Em contrapartida, Dério Milke recebeu a foto oficial da FT-08, feita em frente à igreja da instituição, e uma cuia personalizada. O assistente de Marketing, Edson Luis Schaeffer, foi presenteado com um exemplar do livro de fotografias Heróis do Fogo, de Alberto Takaoka. Recentemente, a Pella Bethânia já havia sido reconhecida com a moeda, conhecida como challenge coin, “Jamais Esqueceremos”, bem como com um exemplar do mesmo livro, além de fotografias de cada força-tarefa.
Desde 30 de abril locada em Lajeado, a corporação, por meio da Força-Tarefa 05, transferiu sua base operacional do Vale do Taquari para a Pella Bethânia no dia 16 de junho, e permaneceu até a manhã de sexta-feira, dia 19 de julho. Junto à pousada da Pella Bethânia, os bombeiros tiveram as acomodações necessárias para a execução do trabalho, como auditório para a parte operacional e de estratégia, cozinha para preparo e realização das refeições, banheiros equipados com chuveiros e, é claro, quartos que possibilitaram o descanso após um dia exaustivo de buscas das joias, como estão carinhosamente chamando as vítimas fatais. Além disso, os bombeiros ainda puderam utilizar a lavanderia central e a academia da instituição.
As forças-tarefas disponibilizadas pelo estado de São Paulo foram divididas em equipes, que se revezaram, em média, a cada 10 dias. A atuação da corporação ocorreu em sete viaturas, quatro embarcações, drones, binômio (guia e o cão farejador) e o helicóptero Águia, da Polícia Militar de São Paulo. De 16 a 26 de junho, também estiveram na pousada oito bombeiros do Corpo de Bombeiros Militar do Espírito Santo.
Números da operação
Conforme a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, a corporação realizou o resgate de mais de mil pessoas e de 279 animais. Seis corpos foram localizados pelos agentes paulistas. Desde a tragédia, foram oito forças-tarefas enviadas, totalizando 265 bombeiros nos 78 dias da missão humanitária.
Para os resgates de vítimas e animais em situação de risco, o Corpo de Bombeiros paulista mapeou extensas áreas afetadas pelas enchentes, com o emprego de drones, cães de busca, embarcações e diversas viaturas. Desde o início da presença da corporação paulista no Estado, as operações ocorreram nos municípios gaúchos mais afetados pela tragédia, como Porto Alegre, Eldorado do Sul, Canoas, São Leopoldo, Lajeado, Cruzeiro do Sul, Taquari, Bom Retiro do Sul, Teutônia, Encantado e Relvado, incluindo buscas em áreas rurais e próximas aos rios.
CRÉDITOS DO TEXTO: Édson Luís Schaeffer