Sobre

A transição do Império para a República no final do século XIX não foi pacífica. Múltiplas revoluções regionais aconteceram pelo país e no Rio Grande do Sul não foi diferente. Como consequência, os homens eram convocados e as mulheres e filhos ficaram desamparados, as lavouras estavam cada vez mais vazias e abandonadas. Muitos faleceram nos combates ou pelas más condições de saúde da época. Fome e doenças afetaram diversas famílias e muitas crianças ficaram abandonadas.

O pastor Michael Haetinger, como itinerante, fez várias e longas viagens a cavalo pelo interior do Estado, testemunhando estes fatos, e deu-se conta da necessidade premente da criação de um orfanato, que pudesse amparar as crianças perdidas. Mas não havia meios financeiros para construí-lo através do recém fundado Sínodo Riograndense, em 1886, pelo Dr. Wilhelm Rotermund.

Muita persistência e idealismo foram necessários para tornar este sonho realidade. Com o apoio de alguns pastores, foi possível adquirir a Fazenda Barros (da família de David Canabarro), às margens do Rio Taquari. Em 19 de novembro de 1892 a família Haetinger mudou-se de São Leopoldo para o recém-denominado Asylo Pella, morando na antiga casa da fazenda. Por isso, o 19 de novembro permanece até hoje a data do início desta instituição.

Dois anos depois, havia 29 órfãos no Asilo, número chegou a 40 nos anos seguintes, levando o Comitê do Asilo a decidir pela construção de uma nova casa, em 1894, para abrigar até 100 pessoas. A pedra fundamental desta casa, infelizmente demolida em 1992, foi colocada em 29 de dezembro de 1895, três anos após a primeira criança chegar ao asilo.

Para angariar fundos pastor Haetinger viajou para além das fronteiras do Estado, principalmente onde havia colônias alemãs, fazendo coletas em Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais. Semanalmente enviava relatos de viagem pelo correio, divulgados na Folha Dominical.

Em 16 de maio de 1897 inaugurou-se o Lar Pella II, com recursos do próprio asilo e, em 15 de agosto de 1899, foi adquirida a antiga Escola Superior Agrícola (a primeira do Estado), que, reformada, tornou-se o Asylo Bethânia, com 60 vagas para idosos.

Aos 80 anos de idade, o pastor Michael passou a direção da instituição para seu filho, pastor Immanuel Haetinger, que já trabalhava há 20 anos com o pai. Ao falecer, aos 90 anos em 1940, a instituição tinha 25 prédios e 800 hectares de terras, sem dívidas. Durante os anos de vida do fundador, Pella-Bethânia havia acolhido 1.340 pessoas (736 crianças e 604 adultos).

Após Immanuel Haetinger, seguiram na direção da Pella Bethânia seus filhos professor Frederico Rodolfo Haetinger (de 1953 a 1956) e Dr. Walter Martin Haetinger (de 1956 a 1959, que permaneceu como Presidente Honorário até seu falecimento, em 1989).

Em 7 de janeiro de 1960, a diretoria da Sociedade Evangélica dos Asilos elegeu o professor Willy Fuchs como presidente e o pastor Ernesto Kunert como diretor da instituição. Neste período, com recursos oriundos da organização humanitária “Pão para o Mundo” (“Brot für die Welt”), foram construídos os lares Emaús, Nazaré, Lystra e Samaria. Destaca-se também a atuação importante das diaconisas nestes lares, provenientes da Casa Matriz de Diaconisas.

Na década de 1970 foi idealizada a construção de cinco casas-lares, que foram construídas através da doação da Obra Gustavo Adolfo, da Alemanha, juntamente com campanha da OASE (Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas). As primeiras foram os lares Samuel, Tabita e Miriã, em 1979.

A instituição acolheu crianças até 2010. Até 2016, mais de 9.000 pessoas já haviam sido acolhidas pela Pella Bethânia.

Até 1960, os diretores eram também presidentes da instituição. Abaixo citamos os presidentes, desde a fundação:

• Michael Haetinger (1892-1930)
• Immanuel Haetinger (1930-1954)
• Frederico Rodolfo Haetinger (1954-1956)
• Walter Martin Haetinger (1956-1959)
• Willy Fuchs (1960-1970)
• Avelino Roesler (1971-1974)
• Willy Fuchs (1975-1982)
• Armínio Schneider (1982-1984)
• Günther Gilberto Lengler (1984-1996)
• Ronald Markus (1996-2004)
• Horst Walter Märtins (2004-2012)
• Adair de Souza Zang (2012-2013)
• Herbert Carlos Lohmann (2014-2018)
• Edla Loni Hass Berthold (2018-2022)

Atualmente, Pella Bethânia é dirigida pelo professor Romério Schrammel (Presidente) e pelo diácono Dério Milke (Coordenador Geral).

Em 2022, Pella-Bethânia completou 130 anos da fundação, sendo a instituição filantrópica de acolhimento aos desamparados mais antiga do sul do Brasil em funcionamento. Uma verdadeira história de amor ao próximo!